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Enfim a Índia dos rituais no Ganges

Por: Ricardo Ruas – jornalista e viajante que já rodou 38 países (e contando) pelo mundo.

Tudo o que eu queria ver da Índia ainda não tinha encontrado, faltava algo que talvez estivesse conectado ao meu imaginário e recordações da novela da Rede Globo. Passei a achar inclusive que a autora Glória Perez tivesse fantasiado bastante na obra que contou a história de Maya e Bahuan. Até chegar a Varanassi.

Se em Agra, Jaipur e Rishkesh o trânsito era caótico, em Varanassi umas 30 vezes pior. Carros, motos, tuktuks, pedestres, bicicletas, vacas, cachorros dividindo o mesmo espaço, de maneira nada ordenada e com uma sinfonia de buzinas sem sincronismo, causando muita poluição sonora.

Sujeira também nas ruas, das avenidas mais largas às vielas da cidade antiga. Vielas estas que permitem a passagem de no máximo duas motos lado a lado. O que não impede de uma vaca cruzar o caminho e empacar, transtornando ainda mais o que parecia ser impossível de acontecer.

Varanassi

Além dos rituais de vida, morte e o em homenagem ao Ganges, tivemos a sorte de ir numa festa de casamento. Não conseguimos acompanhar a cerimônia deste o começo, mas pudemos ver parte da chegada, quando homens carregam lanternas, seguidos do carro com a noiva e de um veículo de som, com a população atrás seguindo a música. Numa alusão ao Brasil, seria mais ou menos um mini trio-elétrico, em que a “pipoca” (povo fora das cordas) segue o ritmo.

Fomos levados pelo nosso guia, que tinha quatro festas naquela noite. Segundo ele, março é um mês tradicional dos casamentos por lá. Eram 118 previstos para aquela sexta-feira apenas em Varanassi. Nosso receio inicial era entrar na festa sem ser convidado, depois, como a noiva ainda não estava no local, era que desviássemos a atenção principal que era ela.

Mas logo caímos na real que a nossa chegada era quase que um presente de casamento. Todos os convidados nos olharam como se fôssemos uma atração. Fizeram fila para fotografar com a gente, se preocuparam com o nosso bem-estar (e fome) e, no fim, até os noivos amaram que dois estrangeiros estiveram em um momento tão especial da vida deles.

O que fazer em Varanassi

  • O bairro muçulmano de Varanassi é uma atração, mas os locais quentes, com preços em conta e produtos muito baratos não têm livre acesso como se imagina. É preciso ser levado por um guia, que marca hora para a visita. Roupa de cama, pashminas, sáris e tudo o que você imaginar que é feito com tecido você encontra pelas fábricas. Sim, você visita os teares, conhece o processo produtivo e só então é levado para as lojas.
  • Passear de barco pelo Rio Ganges é poder entender como são e funcionam os 84 portões que dão acesso da água para a cidade. É perceber também como é o esquema de rituais: o de lavar roupa fica no começo da corredeira e o de cremação dos corpos no final.
  • A cidade de Sarnat, no ladinho de Varanassi foi onde Buda teria conseguido a iluminação. Ali está o Dhamek Stupa, um monumento à memória do líder religioso.
  • Circular pelos degraus que dão acesso à cidade. São quilômetros de escadaria onde pode-se ter uma visão privilegiada do modo de ser e viver dos indianos.

Fique ligado

  • A Índia é uma terra muito pobre e com alta densidade demográfica, o que gera muita desigualdade social (além da questão cultural da divisão por castas). Por isso há muitos pedintes nas ruas. Esteja preparado para dizer não, senão terá uma multidão indo atrás de você enquanto caminha.
  • Há uma mistura ensandecida de carro, pedestre, carroça, tuktuk e motos no trânsito indiano. E as motocicletas chegam a carregar cinco pessoas, todas sem capacete. A gente chegou a dar uma volta por Varanassi, no mesmo esquema. Foi o momento “vida loka” da viagem!
  • Não se esqueça de aproveitar as massagens ayurvédicas. Elas são comuns, baratas, relaxantes e altamente saudáveis. Ayurveda é o conhecimento médico desenvolvido na Índia há cerca de sete mil anos, o que faz dela um dos mais antigos sistemas medicinais da humanidade.
  • Os templos e os fortes rememoram a história da Índia. Entre e descubra histórias de reis, rainhas e guerras.
  • Por falar em guerras, durante nossa estada na Índia teve mais um episódio do conflito com o Paquistão, por disputa de terra na região da Caxemira. O governo paquistanês derrubou dois caças indianos e esta etapa já está sendo conhecida como a mais mortífera em 30 anos! Tudo acontecendo ali pertinho da gente, cerca de 300 quilômetros ao Norte.

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Fonte: grupoodp.com.br

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